No sábado, 29 de novembro, o Sítio Cumbucas, zona rural de Jucás (CE), se transformou em palco de celebração e resistência cultural. A partir das 19h, o espaço do Bar da Leza recebeu a segunda edição do 1º Circuito Cultural de Jucás, uma iniciativa da ASCAP que reconecta arte, gente e tradições nas comunidades onde a cultura nasce.

Cultura que sai da cidade e vai ao campo

Diferente de eventos culturais convencionais, realizados em centros urbanos ou praças centrais, o Circuito desta vez rompeu barreiras geográficas. Levou música, artesanato, sabores e identidade popular ao interior, um gesto simbólico e concreto de valorização da zona rural, de suas raízes e de seu povo. “O Circuito sai da praça e chega ao campo, numa proposta especial que fortalece a cultura onde ela nasce: no coração da comunidade.” ascapjucas.org.br

Esse deslocamento não é mera logística: é uma afirmação de pertença. É no sertão, nos sítios e no meio do povo, que a cultura popular pulsa com mais força. Ao escolher o Sítio Cumbucas como palco, o evento reafirmou um compromisso com a descentralização da arte, trazendo visibilidade a espaços esquecidos e celebrando a vida comunitária.

Um cardápio de arte, música e tradição

A noite foi intensa e diversa: subiram ao palco artistas de vários recortes da cultura regional. O grupo forrozeiro Os Originais do Forró abriu a festa com seu forró animado; Cícero Reis e banda trouxeram ritmo e energia; o poeta Antônio Ferreira imprimiu sentimento e voz da terra; e a Filarmônica São Mateuense, símbolo da tradição local, evocou a memória sonora de Jucás. ascapjucas.org.br

Além da música, o evento trouxe vivência, com feira de artesanato local, comidas típicas preparadas pela comunidade e a valorização da economia criativa da região. A proposta era clara: arte que alimenta não só os olhos e os ouvidos, mas também o corpo e a dignidade do povo. ascapjucas.org.br

Esse tipo de programação reforça que cultura não é luxo, é herança, identidade e comunidade. A iniciativa da ASCAP demonstra um entendimento profundo disso, valorizando o que é nosso, o que brota da terra e do cotidiano, e transformando o simples encontro num ato de resistência e afirmação cultural.

Parcerias e compromisso institucional

Organizar um evento desse porte exige estrutura, planejamento e, sobretudo, apoio de diferentes frentes. O Circuito contou com o apoio da Luizianne Lins (deputada federal), do Missias do MST (deputado estadual), do Ministério da Cultura, e da prefeitura de Jucás, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. ascapjucas.org.br

Essa rede de apoio, política e institucional, é essencial não apenas para viabilizar o evento, mas para garantir que a cultura seja tratada como prioridade, e não como adereço ou algo secundário. Quando o poder público se alia à sociedade civil para promover arte e tradição, reafirma-se que a cultura popular é, de fato, patrimônio coletivo.

No discurso oficial da ASCAP, fica claro: “agradecemos aos artistas que se apresentaram … … um dos pontos fortes do nosso projeto é apoiar a cultura do nosso Município.” Esse reconhecimento da importância da cultura como pilar comunitário, e não só como entretenimento, ecoa nas escolhas de repertório, de espaço, de convites.

Para além de uma noite, semear tradição

O evento não se resume a algumas horas de música ou a uma feira: ele é parte de um processo maior de valorização cultural e territorial. Ao levar arte para o interior, ao dar palco a artistas locais e ao promover o intercâmbio entre gerações e saberes, o Circuito ajuda a revitalizar a autoestima da comunidade, a fortalecer o sentimento de pertencimento e a garantir que as tradições resistam e se transformem.

Esse tipo de iniciativa também oferece oportunidade: para músicos, artesãos, trabalhadores da economia criativa. Para o público, é chance de contato com sua própria história e raízes. E para a cidade, reafirma sua identidade cultural de forma viva, pulsante e inclusiva.

Além disso, promove o encontro entre vizinhos, amigos, famílias, gerações. Na alegria da música, nas “comidas da roça”, nas trocas de sorrisos e conversas, o evento fortalece laços sociais, valoriza o território e reafirma a cultura como elemento central da vida comunitária.

O legado do 1º Circuito Cultural

Mais do que uma festa, o segundo evento do 1º Circuito Cultural representa um ato político-cultural: a afirmação de que comunidade, memória e arte devem andar juntas. A escolha do Sítio Cumbucas como palco longe do conforto urbano e próximo das raízes, evidencia compromisso com a descentralização cultural.

Com apoio institucional forte, com artistas que respiram a terra e a tradição, com público disposto a celebrar e consumir cultura local, o evento deixa sementes para o futuro: seja na memória de quem esteve presente, na inspiração para novos talentos, ou na convicção de que a cultura merece ser vista, apoiada e vivida.

E, sobretudo, deixa a mensagem de que a arte não tem endereço, ela habita onde estiver gente com voz, história e vontade de celebrar. O próximo Circuito provavelmente voltará a levar luz, som e alma para as comunidades de Jucás. Que chegue logo e que o sorriso permaneça afinado.

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